Ah que alegria colocar no ar nossa primeira newsletter! Te avisei que aqui falaríamos sobre moda, beleza e o que mais der na telha, né? Pois bem, começamos com um assunto de beleza que tá muito na moda: skincare.
Skincare, ou o bom e velho “passar uns creminho” não é algo que surgiu ontem, mas que tem virado assunto desde mais ou menos 2018, quando começamos a ver uma mudança de foco no mercado da beleza, da maquiagem para o cuidado com a pele. Em 2020, com a pandemia, falamos muito de autocuidado e com certeza essas práticas de atenção a si foram essenciais para a manutenção da sanidade mental de muitos de nós.
Claro, autocuidado vai muito além de skincare. Ele perpassa um cuidado especial com nosso corpo e mente de dentro pra fora: boa alimentação, beber água, se exercitar, cuidar da mente. Mas é inegável que o skincare tem sido o foco do autocuidado (uma das razões disso é que creminhos são extremamente lucrativos, e tem uma indústria gigantesca por trás).
Uma coisa que vem martelando na minha cabeça desde que skincare virou o assunto do momento é: porra, arrumaram mais uma coisa pra gente (mulheres) ter que dar conta! A gente já tem que trabalhar mais pra ganhar menos, cuida dos filhos, da casa, do cachorro, da mãe, da sogra, tem que ser magra, bonita, fashion, andar de salto aaaaaaandter a pele perfeita? Quem tem tempo pra 20 passos de skincare de manhã e à noite, sinceramente?
Como disse lindamente esse artigo da Vox:
"Então, quando falamos sobre cuidados com a pele, não estamos falando apenas sobre cosméticos. Também estamos falando sobre nossas ansiedades sobre as mulheres, seus corpos, seu dinheiro e seu prazer."
E desse fragmento tiro algumas reflexões:
Nosso valor como mulheres na sociedade é proporcional à nossa beleza e juventude, e o skincare é mais uma coisa pra esfregar isso na nossa cara (literalmente, rs). E por isso, o mercado da beleza sempre vai encontrar mais um jeitinho de ganhar nosso dinheiro. A maioria dos “bons" cosméticos fica na casa das centenas de reais, e aí é fácil entender também que poder cuidar da pele é também um grande privilégio.
Outra coisa que me encana é que cuidar da pele é extremamente complicado. Sim, a gente devia ir no dermatologista antes de começar a usar esses produtos, mas falando sério, quem vai? A maioria (eu inclusa) tenta mesmo decifrar sozinha, vendo videos no YouTube, reviews de produtos, e passa umas boas horas tentando entender os nomes complicados dos componentes. Tempo que poderia ser gasto com coisas mais produtivas para nós mesmas.
Aí o que era pra ser um ritual relaxante de cuidado e conexão consigo mesma, vira mais uma tarefa, uma obsessão e mais uma coisa pra sugar nosso tempo e dinheiro. Citando a Vox mais uma vez: "beleza é dor, beleza é trabalho e beleza é dinheiro".
Não tenho reposta pra pergunta que fiz no título e conto com vocês pra continuarmos a reflexão! Deixando claro que não tenho nada contra skincare, eu mesma tenho a minha própria rotininha de cuidados que me faz muito bem, mas acho importantíssimo a gente questionar o que está por trás dos nossos hábitos como indivíduos e sociedade.
Deixo aqui os links de algumas matérias que me ajud1aram na newsletter de hoje:
O texto maravilhoso da Vox que citei algumas vezes (em inglês). Achei curioso que ele fala de um "novo normal” e algumas outras coisas se relacionando à eleição do Trump, mas que se aplicariam facilmente à pandemia do corona vírus.
Da Elle, “O mito da pele perfeita” também traz outras reflexões interessantes sobre os cuidados com a pele.
Também da Elle, esse artigo fala de “skinminimalism”, uma abordagem mais minimalista do skincare que dispensa muitos passos (que é totalmente como eu tento lidar com isso).
E fugindo do assunto mas nem tanto, o texto “O curioso caso das mulheres que envelheceram aos 30 anos” complementa a reflexão sobre mulheres, beleza e idade.
Espero que tenham gostado dessa nossa primeira conversa <3
Tô doida pra saber o que você pensa/sente sobre esse assunto, me fala?
Beijos,
Cami